Tite é demitido do Flamengo com multa de R$ 3 milhões, menor que a de outros técnicos, mas reforça prejuízo financeiro do clube
Na manhã desta segunda-feira (30), o Flamengo anunciou oficialmente a demissão de Tite, que havia assumido o comando do clube há quase um ano. A decisão, que já vinha sendo especulada após uma série de resultados abaixo do esperado e a eliminação precoce na Copa Libertadores, colocou fim a mais um ciclo de treinadores no Rubro-Negro. Com isso, o clube terá que desembolsar cerca de R$ 3 milhões a título de multa rescisória, já que o técnico tinha contrato até dezembro de 2024. Apesar de ser um valor inferior ao pago a outros treinadores nos últimos anos, a saída de Tite representa mais um impacto financeiro para o Flamengo, que vem acumulando altos gastos com trocas de técnicos desde 2020.
### **Multa menor, mas prejuízo continua**
A multa rescisória de Tite, no valor de R$ 3 milhões, será paga porque o Flamengo optou por rescindir o contrato a dois meses do término previsto. Como o acordo estabelecia uma cláusula de pagamento de 50% do valor restante do vínculo em caso de demissão antecipada, o clube desembolsará essa quantia ao ex-técnico. O valor, ainda que menor em comparação a multas de outros treinadores recentes, faz parte de um quadro mais amplo de prejuízos financeiros que o Flamengo vem enfrentando na gestão de Rodolfo Landim.
Desde que Landim assumiu a presidência do clube em 2019, o Flamengo já gastou quase R$ 50 milhões em multas rescisórias com treinadores. O primeiro técnico da era Landim, Abel Braga, saiu sem custos, mas sua demissão abriu espaço para a chegada de Jorge Jesus, que trouxe sucesso imediato ao clube, conquistando a Libertadores e o Campeonato Brasileiro. No entanto, o sucesso de Jesus chamou a atenção do Benfica, que o levou de volta para Portugal, gerando a primeira de uma série de mudanças de comando que culminariam em altos custos para o clube.
### **O festival de demissões e multas na era Landim**
Após a saída de Jorge Jesus, o Flamengo optou por contratar Domènec Torrent, ex-auxiliar de Pep Guardiola, para tentar manter o estilo ofensivo e vitorioso do time. No entanto, os resultados não apareceram, e a diretoria decidiu demitir o treinador após menos de seis meses no cargo. Para rescindir o contrato com Domènec, o clube pagou R$ 11,4 milhões de multa, marcando o início de um ciclo de instabilidade técnica e financeira.
Em seguida, vieram Rogério Ceni e Renato Gaúcho, dois nomes de destaque no futebol brasileiro. Ceni teve um desempenho razoável, mas também não resistiu à pressão e acabou demitido, custando ao clube mais R$ 3 milhões. Renato Gaúcho, por sua vez, saiu sem custos, após não conseguir levar o time a grandes conquistas em 2021.
No início de 2022, o Flamengo apostou em Paulo Sousa, ex-técnico da seleção da Polônia, mas o português também não rendeu o esperado e foi demitido em junho do mesmo ano, resultando em mais uma multa, desta vez de R$ 7,7 milhões. Dorival Júnior assumiu o comando na sequência e conseguiu resultados expressivos, levando o Flamengo à conquista da Copa do Brasil e da Libertadores. No entanto, a diretoria optou por não renovar com Dorival no fim da temporada, decisão que, embora não tenha gerado custos de rescisão, surpreendeu muitos torcedores.
A saga de trocas de comando continuou em 2023, quando o clube contratou Vítor Pereira, ex-treinador do Corinthians. A aposta, que inicialmente parecia promissora, acabou sendo um dos maiores fiascos recentes. A saída de Vítor Pereira custou R$ 15 milhões aos cofres do Flamengo, sendo a maior multa rescisória já paga na gestão de Rodolfo Landim.
Logo depois, o Flamengo trouxe Jorge Sampaoli para tentar dar uma nova direção ao time. O argentino, conhecido por seu estilo intenso, também não conseguiu obter grandes resultados e foi demitido antes do término da temporada. A multa rescisória de Sampaoli foi de R$ 9,5 milhões.
Agora, com a demissão de Tite, o Flamengo adiciona mais R$ 3 milhões à conta de indenizações pagas a técnicos, totalizando R$ 49,6 milhões em multas rescisórias desde 2020. Esses dados, segundo o portal Metrópoles, revelam uma gestão que, apesar de apostar em grandes nomes, não conseguiu estabilizar o comando técnico do clube nos últimos anos.
### **Filipe Luís assume interinamente**
Com a saída de Tite, o Flamengo optou por promover o ex-lateral Filipe Luís, que vinha comandando o time sub-20, ao posto de técnico interino. Filipe Luís, que foi um dos grandes nomes do Flamengo como jogador nos últimos anos, ficará à frente do time até o fim de 2024, quando a gestão de Landim também chega ao fim. A expectativa é que o ídolo rubro-negro consiga trazer estabilidade ao time e ajudar na transição para o próximo treinador que será contratado em 2025.
A torcida agora se divide entre a expectativa de que Filipe Luís, por conhecer profundamente o elenco e o clube, consiga dar um rumo positivo ao time, e a preocupação com mais uma mudança de comando. O Flamengo ainda disputa a Copa do Brasil e tenta terminar o Brasileirão de forma digna, mas o clima de incerteza continua a rondar o Ninho do Urubu.
A gestão de Rodolfo Landim, que começou com grande sucesso, agora enfrenta a crítica dos torcedores e da imprensa, que apontam para a falta de planejamento a longo prazo e os altos custos gerados pelas constantes mudanças de técnico. A esperança é que, com Filipe Luís no comando, o Flamengo consiga encerrar o ano de forma mais positiva e iniciar 2025 com uma nova estratégia de gestão técnica.