A primeira partida da final da Copa do Brasil deste ano deixou uma marca indelével na história do futebol brasileiro, ao alcançar uma renda extraordinária de mais de R$ 26,3 milhões. No entanto, esse feito notável foi acompanhado de uma polêmica crescente devido aos preços dos ingressos que deixaram muitos torcedores insatisfeitos.
O vice-presidente de Marketing do Flamengo, Gustavo Oliveira, defendeu os valores dos ingressos durante uma entrevista na segunda-feira, citando que os tíquetes médios eram de R$ 126 no Setor Norte e R$ 193 no Setor Sul. No entanto, os números mostram que o valor médio pago pelos torcedores, considerando todos os setores do estádio, foi substancialmente mais alto. O tíquete médio da partida, calculado dividindo o total da renda pelo número de torcedores que pagaram ingresso, atingiu a impressionante cifra de R$ 436,21. Isso representa um aumento de 140% em relação à final da Copa do Brasil do ano anterior, quando o tíquete médio era de R$ 181,55.
Chama a atenção que, no mesmo período, o índice IPCA, que mede a inflação, aumentou apenas cerca de 4%. De acordo com esse critério, o tíquete médio deveria ter sido de aproximadamente R$ 190,47 e a renda total teria alcançado R$ 11,5 milhões.
Não surpreendentemente, a torcida do Flamengo reagiu negativamente ao anúncio do recorde de renda e demonstrou descontentamento hostilizando o presidente do clube, Rodolfo Landim, após a divulgação desses números.
Os valores dos ingressos já tinham provocado controvérsia desde o momento em que foram anunciados, levando o Procon a solicitar explicações ao Flamengo. O clube justificou a precificação argumentando a oferta e demanda. No entanto, o diretor de Marketing do Flamengo, Marcos Senna, admitiu que os ingressos eram caros, embora tenham se esgotado em 24 horas – o que, na prática, não aconteceu, uma vez que ingressos ainda estavam disponíveis para compra até o dia anterior ao jogo. Como resultado, o público pagante ficou com mais de mil torcedores a menos do que na partida contra o Corinthians, totalizando 60.390 torcedores em comparação com 61.566.
Embora tenha quebrado o recorde entre clubes, a renda ainda ficou aproximadamente R$ 12 milhões abaixo da maior da história do futebol brasileiro. Na final da Copa América de 2019, entre Brasil e Peru, o Maracanã registrou uma renda de R$ 38,8 milhões. No entanto, é importante notar que o tíquete médio deste domingo foi consideravelmente maior do que o do jogo mais recente da seleção brasileira, que enfrentou a Bolívia e teve ingressos vendidos a uma média de R$ 252.
Em resumo, a final da Copa do Brasil fez história ao estabelecer um recorde de renda no futebol entre clubes no Brasil, mas essa conquista foi ofuscada pela controvérsia em torno dos preços dos ingressos, que gerou descontentamento entre os torcedores e levantou questões sobre a relação entre o custo de assistir a um jogo e a paixão pelo futebol.